Foto: Luana Ribeiro / Bahia Notícias
O procurador-geral do município de Paripiranga, Alexandre
Magno, acusa o delegado Geuvan Passos de perseguição por cita-lo como
mandante do assassinato do médico José Carlos Carvalho, ocorrido em 2 de
maio de 2014. De acordo com Magno, há o interesse de dar motivação
política ao crime para atingir a imagem dele e a do prefeito, George
Ribeiro, de quem é considerado potencial herdeiro político. Um relatório
feito pelo promotor Gildásio Rizério aponta Magno e Ribeiro como
eventuais suspeitos pelo crime, já que o médico e também político
concorreria às eleições municipais de 2016 pela terceira vez. Segundo
Rizério, José Carlos era um “candidato imbatível” que “não tinha como
perder” e os aliados “eram as únicas pessoas que tinham interesse na
morte dele”. O acusado, no entanto, nega qualquer envolvimento com o
caso.
Delegado Geuvan Passos (Foto: Reprodução / Blog Rodrygo Ferraz)
O delegado seguiu a linha de investigação proposta pelo Ministério Público, mas a defesa do procurador diz que o argumento de Passos é insuficiente, porque apenas referencia o depoimento de Igor Carvalho, identificado como suposto piloto da moto utilizada durante o homicídio de José Carlos. Conforme registrado no interrogatório do rapaz, ao qual o Bahia Notícias teve acesso, Lázaro Mato Verde (cujo nome real é Lázaro Matos Fraga, ex-chefe de gabinete do prefeito) ofereceu um advogado para defendê-lo durante o julgamento do homicídio, neste caso, Alexandre Magno. “Os outros depoimentos não constam o nome do procurador em nenhum momento, está só elucidando quem cometeu o crime e ponto”, disse o advogado Caio Pires. Além disso, a defesa do procurador de Paripiranga afirma que o delegado não tem competência constitucional para investigar o envolvimento do prefeito no caso, exigindo a autorização de um desembargador do Tribunal de Justiça, resultado do foro privilegiado. O delegado afirmou que as contradições de Magno durante interrogatório ajudaram na conclusão das investigações. “Na véspera do crime, Alexandre ficou com o executor por quase todo o dia, de 12h até 20h, isso o próprio Alexandre fala. E eu tenho vários depoimentos que confirmam isso”, garantiu o delegado. De acordo com Passos, Magno, inclusive, batizaria o filho do executor, identificado como Leonardo Guimarães. O homem era motorista de caçamba que serve à prefeitura, pertencente a Lázaro Matos Fraga, morto em 30 de novembro de 2014, segundo investigação da polícia. “Ele [Magno] diz que não tinha amizade com o executor, que ele pegava o carro só pra lavar, mas tenho provas que as pessoas dizem que ele viajava constantemente com o executor”, continuou o delegado, embora assuma não ter prova física para assegurar. Contudo, o pedido de quebra de sigilo telefônico e bancário já foi feito. “Não entrei anteriormente porque o promotor de Justiça da comarca é amigo dele, bebia vinho com Alexandre a cada 15 dias”, disparou.
O procurador Alexandre Magno e o advogado Caio Pires acusam
o delegado de Paripiranga de perseguição (Foto: Luana Ribeiro / Bahia Notícias)
Questionado pelo Bahia Notícias, o promotor Gildásio Rizério
assumiu ser amigo de Magno e encontrá-lo num restaurante da cidade. “Sou
promotor aqui há 19 anos, conheço toda a cidade e as pessoas. Aqui em
Paripiranga me relaciono com 20 advogados. Não sou inimigo”,
acrescentou. Apesar de ter sugerido uma linha de investigação que
suspeitava do seu “amigo”, o promotor criticou duramente o delegado
Geuvan Passos por ainda não ter concluído o inquérito um ano depois da
abertura, e por divulgar na imprensa o que ainda não está na Justiça.
“Esse delegado não tem condições de exercer o cargo, ele tem que voltar
para a Academia de Polícia. Ainda que ele tenha conjunto de provas, ele
procurou emissoras de rádio fazendo estardalhaço desse. Os povoados de
Paripiranga estão querendo o prefeito e o procurador para linchar, com
base na leviandade do delegado”, criticou Rizério. O promotor disse ter
encaminhado à Secretaria de Segurança Pública (SSP) o pedido de
transferência do delegado para outra cidade. A defesa
do procurador Alexandre Magno também deve “tomar providências” contra o
Geuvan, que, para ela, comete abuso de autoridade. “[Vamos] Representar
na Corregedoria da Polícia Civil, ao Ministério Público e requerer
indenização por danos morais. E chamar atenção do Tribunal que existe
uma investigação com prefeito que ele vem conduzindo sem autorização do
Tribunal de Justiça do Estado da Bahia”, disse a defesa de Magno. Apesar
do risco, o delegado se diz tranquilo e sugere que o procurador tem
razões para ficar alerta. “Não estou preocupado, porque estou fazendo
meu trabalho de forma clara, honesta, procurando a verdade. Se ele não
entrasse em tanta contradição, não fosse tão mentiroso, não estaria na
posição que se encontra”, finalizou.
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