Uma câmera de segurança
flagrou o momento em que o menino Marcelo Pesseghini, de 13 anos, teria
estacionado o carro da mãe próximo à escola onde estudava, na Zona Norte
de São Paulo, na manhã de segunda-feira (5). As imagens foram
divulgadas pela Polícia Civil no início da noite desta terça-feira (6)
Um amigo reconheceu Marcelo
Pesseghini como o menino que, no vídeo, sai do carro e se dirige para a
escola, segundo a polícia. O suspeito estava com a mesma mochila que,
posteriormente, foi encontrada por policiais militares na residência da
família assassinada. Na mochila, havia um revólver calibre 32, de
propriedade da mãe de Marcelo, a cabo da PM Andréia Regina Bovo
Pesseghini, e alguns pertences.
O menino é o principal
suspeito de matar os pais policiais militares, a avó e a tia-avó na
madrugada de segunda-feira. Ele teria ainda ido à escola no período da
manhã e se matado após retornar para casa, na Vila Brasilândia, na Zona
Norte da capital paulista.
Desejo de matar
O delegado Itagiba Franco,
do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse, em
entrevista coletiva nesta tarde, que um amigo de escola, cujo nome não
foi revelado, contou em depoimento à polícia que Marcelo já tinha
manifestado o desejo de matar os pais e que queria ser "matador de
aluguel".
"Esse amigo (do Marcelo) nos
disse hoje: 'desejo manifestado pelo Marcelo: ele sempre me chamou para
fugir de casa para ser um matador de aluguel. Ele tinha o plano de matar
os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro
dos pais e morar em um local abandonado'", relatou Franco.
A policial militar Andréia
Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, o sargento da Rota Luís Marcelo
Pesseghini, a mãe da policial militar, Benedita de Oliveira Bovo, de 67
anos, a tia da policial, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos, e o
filho do casal foram encontrados mortos em duas casas da família que
ficam no mesmo terreno.
Diante das evidências obtidas
pela polícia nesta terça-feira, o delegado afirmou que tudo "leva a
crer que o Marcelo matou os pais" e os parentes. "Ele já tinha esse
desejo que, na minha opinião, veio a concretizar. Foi uma tragédia
familiar. De uma forma silenciosa, ele vinha se preparando para alguma
coisa", completou.
De acordo com o delegado do
DHPP, havia uma dúvida ainda em relação a quem havia estacionado o carro
da cabo Andréia Regina Bovo Pesseghini em frente à escola onde Marcelo
estudava, na manhã de segunda-feira. "Quem teria tirado o carro de lá?
Qual a razão desse carro estar na proximidade da escola do garoto? A
chave (do carro) ainda não havia sido encontrada. De início, nós
acreditávamos que um garoto de 13 anos não teria condições de tirá-lo de
lá. Mas um perito me informou que a chave estava no bolso da jaqueta do
menino que estava na sala. Tudo vai se encaixando", disse.
Segundo Itagiba Franco, a
imagem de uma câmera que fica próxima ao ponto onde o carro da família
foi estacionado mostra que um jovem desce do banco do motorista e
atravessa a rua. O amigo de escola teria reconhecido Marcelo como a
pessoa que aparece nas imagens. Ainda de acordo com as investigações, o
estudante comentou com uma professora do colégio que já tinha dirigido
um buggy uma vez.
As testemunhas começaram a
ser ouvidas pela polícia já na madrugada desta terça-feira, de acordo
com o delegado. Uma das professoras de Marcelo relatou à polícia que
teve uma conversa com o menino, onde foi indagada por ele se ela já
havia dirigido um carro e se ela já havia atingido, de alguma forma, os
pais. "Ela achou estranho aquela conversa, mas respondeu de uma forma,
assim, profissional, e manteve aquela linha de raciocínio."
O pai do melhor amigo de
Marcelo informou que deu carona ao menino na volta da escola. O
suspeito, então, teria pedido para o homem parar o carro para ele ir até
o Corsa prata da mãe, que já estava estacionado próximo à escola.
"Ele saiu do banco do carona,
se dirigiu até lá, abriu o carro, pegou alguma coisa, voltou, entrou e
foi até a casa dele. Na casa, o pai do amigo teria perguntado a ele
queria que buzinasse, alguma coisa assim. O menino disse que não, porque
os pais, a avó e a tia-avó estariam dormindo. Então, ele procurou
descartar qualquer tipo de aproximação de estranhos da casa", relatou o
delegado.
Suspeito
A Polícia Militar acredita
que o garoto Marcelo Pesseghini foi à escola pela manhã após já ter
assassinado os parentes. O comandante da Polícia Militar, coronel
Benedito Roberto Meira, afirmou em entrevista ao SPTV que câmeras de
segurança mostram uma pessoa, que seria Marcelo, estacionando o veículo
da policial à 1h15 de segunda próximo ao Colégio Stella Rodrigues, na
Rua João Machado.
A pessoa sai após as 6h30,
com uma mochila nas costas e entra na escola. Esse primeiro vídeo, no
entanto, não permitia confirmar com exatidão que a pessoa é o garoto, o
que teria ocorrido com a localização de um segundo vídeo.
Para a Polícia Militar, as
mortes dos parentes de Marcelo, em duas casas que ficam num mesmo
terreno na Rua Dom Sebastião, na Vila Brasilândia, aconteceram entre a
noite de domingo (4) e a madrugada de segunda-feira.
O coronel Benedito Meira
afirmou que está descartada a possibilidade de vingança. “Nós
descartamos possibilidade de retaliação por parte de facção. A casa não
estava revirada, não há sinais de arrombamento", afirmou.
Menino canhoto
Segundo o coronel Benedito
Meira, "o menino era canhoto, o disparo foi feito do lado esquerdo da
cabeça dele e a arma estava debaixo do corpo do adolescente". No
entanto, ele ressaltou que a polícia não descarta que outras linhas de
investigação possam aparecer nos próximos dias. No boletim de ocorrência
registrado pela Polícia Civil consta que o adolescente encontrado morto
"empunhava a arma na mão esquerda, debaixo do corpo".
Nesta terça-feira, Fábio Luiz
Pesheghini, irmão de Luís Marcelo, afirmou que o sobrinho não era
canhoto. "Pelo que eu sei ele era destro. Eu tenho quase certeza que ele
era destro”, disse. Segundo Fabio, o sobrinho era “tranquilo, uma
criança normal, que não dava trabalho para os pais, mal saía de casa”.
Ele disse desconhecer se o irmão e a cunhada recebiam ameaças.
Fonte: G1
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