"Foram presas três pessoas: Mundinho da Comase; o Algifranco Patric de
Vasconcelos e o irmão dele, Igor Henrique de Vasconcelos, que são
ligados a Associação Ala Jovem de Lagarto", informou a delegada.
O ex-deputado estadual Raimundo Vieira, conhecido como Mundinho da Comase,
foi preso preventivamente no início da manhã desta quarta-feira (29) no
apartamento onde mora na Avenida Hermes Fontes no bairro Luzia, em
Aracaju. Ele é investigado no "caso subvenções" que apura o repasse e
suposto uso irregular de verbas da Assembleia Legislativa de Sergipe
(Alese) em 2014, ano eleitoral.
O valor deveria ser destinado a entidades beneficentes e a suspeita é
que o dinheiro retornou a alguns parlamentares para investimento na
campanha. Ainda na manhã desta quarta-feira (29) outros dois homens
foram presos por transações financeiras suspeitas relacionadas a
Associação Ala Jovem de Lagarto.
Segundo a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), o então deputado
Mundinho da Comase repassou R$ 439 mil para a Associação de Proteção e
Assistência à Maternidade e à Infância Antônio Vieira Neto que fica no
município de Itabaianinha. A contabilidade da instituição era controlada
pelo próprio deputado e pela então esposa dele, Maria Cardoso Vieira,
vice-presidente da associação.
"Foram presas três pessoas: o ex-deputado Mundinho da Comase; o Algifranco [Patric de Vasconcelos] e o irmão dele, Igor [Henrique de Vasconcelos],
que são ligados a Associação Ala Jovem de Lagarto. Uma investigação
desenvolvida pelo Ministério Público em Lagarto deu origem a uma
documentação foi encaminhada para a polícia para a instauração do
inquérito. Analisando esses documentos a gente identificou intensas
movimentações financeiras feitas por essas pessoas presas em Lagarto que
são um professor e um funcionário que ganha muito pouco e movimentava
R$ 3 milhões, R$ 4 milhões nas contas. Essa movimentação era de várias
associações, não só a Ala Jovem", explica a delegada Danielle Garcia, do
Departamento de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração
Pública (Deotap).
Segundo a delegada, as provas serviram como base para os pedidos de
prisão preventiva dos três suspeitos. A solicitação da polícia foi
atendida pelo juízo de Lagarto. "A prisão preventiva não tem prazo
pré-estabelecido então a gente vai trabalhar com calma. Os outros presos
ainda vão chegar de Lagarto. Quando eles e os advogados chegarem nós
vamos conversar com todos. A gente espera que eles colaborem porque a
prova é muito forte e muito robusta e a colaboração deles só beneficia a
eles mesmos e nos ajuda a desvendar todo esse esquema que desviou
milhões de reais da Verba de Subvenção da Assembleia Legislativa",
destaca Danielle Garcia.
Caso subvenções
O repasse e uso das verbas de
subvenções são investigados em várias esferas. Na eleitoral, pela
Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) do Ministério Público Federal
(MPF) porque a destinação do dinheiro aconteceu em 2014 (ano eleitoral);
na criminal, pela Polícia Civil que instaurou inquéritos para apurar a
aplicação do dinheiro e improbidade administrativa, pelo Ministério
Público Estadual (MPE) que ajuizou Ação Civil Pública (ACP) contra
alguns suspeitos pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.
"Cada uma das instituições está fazendo a sua parte na investigação
desse escândalo gigantesco. As provas mostram claramente que houve um
desvio milionário de dinheiro e o que estiver ao alcance da Polícia
Civil nós tomaremos todas as providências para apurar as evidências como
deve ser", garante a delegada do Deotap.
Segundo o MPF, alguns deputados estaduais desviaram verbas de
subvenções que deveriam ser destinadas a instituições filantrópicas para
benefícios em campanhas políticas. Com isso, o órgão abriu
procedimentos para investigar os casos. Em dezembro de 2014 a PRE
ajuizou 25 ações contra 23 deputados da legislatura vigente à época e
uma ex-deputada. O levantamento inicial identificou, segundo a
Procuradoria, um desvio de cerca de R$ 12 milhões.
Fonte: Lagartense.com.br
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