Na
manhã de sábado, Lucas Arcanjo foi encontrado morto em sua própria
casa. Família reafirmou, neste domingo, não acreditar na hipótese de
suicídio
O detetive Lucas Gomes Arcanjo, afastado
do serviço por licença médica, foi encontrado morto na janela de seu
quarto com uma gravata enrolada no pescoço. Conhecido por fazer
denúncias que associavam o senador Aécio Neves (PSDB) à lavagem de
dinheiro e ao narcotráfico, o policial já havia sofrido quatro
atentados, como supostas formas de retaliação. Um deles o deixou com uma
seqüela na perna que o obrigou a andar com ajuda de bengala. A família
não acredita em suicídio.
Na manhã de sábado, Lucas Arcanjo foi
encontrado morto em sua própria casa. A morte de Lucas Arcanjo dominou
boa parte dos comentários de internautas e postagens de diversos blogs
nas redes sociais ao longo das últimas horas. Diversos foram os
comentários destacando a similitude do histórico caso em que
“suicidaram” o jornalista Vladimir Herzog, durante a ditadura militar,
com a morte do Lucas Arcanjo.
O
blog Megacidadania realizou, em outubro de 2014, uma longa entrevista
com Lucas Arcanjo, na qual ele reafirmou todas as denúncias e exatamente
no dia seguinte à entrevista surgiu um bombástico documento comprovando
uma das denúncias que envolvia Aécio Neves.A atriz Tássia Camargo manteve contato
telefônico com a família de Lucas Arcanjo e disponibilizou um vídeo
relatando a importante conversa. Tássia informou ao blog Megacidadania
que a família de Lucas Arcanjo rechaça de forma veemente a possibilidade
de suicídio.
“As autoridades estaduais em Minas
Gerais, especialmente o Ministério Público/MG, estão na obrigação de
realizar uma intensa investigação para esclarecer esta suspeitíssima
morte que tem odor de queima de arquivo, ele sabia demais. Lucas Arcanjo
prestou diversos depoimentos às autoridades, tanto estaduais bem como à
Polícia Federal e é dever dessas autoridades divulgar para o distinto
público que encaminhamentos ou desdobramentos concretos ocorreram”,
afirma Alexandre Teixeira, editor do Megacidadania.
“Faz-se imperiosa a criação de uma força
tarefa especial constituída por autoridades de Minas e de âmbito
federal, pois só assim Aécio será convocado para prestar esclarecimentos
e/ou informações, afinal, o policial Lucas Arcanjo é o segundo cadáver a
rondá-lo. Ao tempo em que é dever de tod@s exigir que as denúncias por
ele divulgadas – de público e em depoimentos oficiais – sejam
aprofundadas para o bem da (combalida) credibilidade de nosso sistema
policial/judicial, finalizamos este post enviando mensagem de pêsames
aos familiares e amigos de Lucas Gomes Arcanjo um policial que
engrandeceu Minas e dignificou o Brasil”, acrescentou.
Aécio acusado
Arcanjo tinha dificuldades para andar e
usava muletas devido a uma sequela deixada por um dos quatro atentados
que sofreu, desde 2002, como suposta retaliações às denúncias que o
tornaram famoso.
Pelas redes sociais, o policial postava
vídeos em que denunciava caciques tucanos de Minas Gerais com uma
atenção especial ao senador Aécio Neves. De acordo com o policial, que
já chegou a denunciá-lo e entregar provas na Corregedoria da Polícia
Civil, o tucano estava envolvido em uma série de irregularidades que iam
desde lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e até associação
com o narcotráfico.
“Um playboy, um viciado, um bandido”, dizia em seus vídeos, que até hoje não surtiram nenhum tipo de investigação mais profunda.
“Desde 2002 as denúncias sempre pararam
por que era de interesse do governo (na época comandado pelo próprio
Aécio Neves). Sempre as denúncias estavam ligadas a órgãos e empresas do
governo”, explicou em um dos seus vídeos.
Por uma rede social, o deputado estadual Durval Angelo (PT-MG) lamentou a morte do detetive mineiro.
“Sem dúvida, uma perda imensurável para
todos os que lutam por uma sociedade mais justa, sobretudo, nestes
tempos sombrios de atentado à democracia. Mas Lucas não se foi.
Permanece vivo no exemplo que nos deixa como seu grande legado”,
escreveu o parlamentar.
Fonte: Correio do Brasil
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