Delatores da
Odebrecht revelaram ao Ministério Público Federal que a empreiteira
presenteou o ex-ministro do governo Dilma Jaques Wagner com relógios de
luxo, propinas de R$ 12 milhões em dinheiro vivo e caixa dois. Nas
planilhas do departamento de propinas da Odebrecht, o petista era o
Polo, como técnico de manutenção, nos anos 70.
De candidato
desacreditado pela maior empreiteira do País, em 2006, Jaques Wagner,
que também governou a Bahia, alcançou, por meio de trocas de favores
usando o governo estadual baiano, não apenas apoio político a ele e a
aliados, mas também relação pessoal com os donos e diretores da
construtora, segundo relataram delatores da Odebrecht – entre eles,
Marcelo, o ex-presidente.
A primeira campanha ao governo do Estado de Jaques Wagner financiada pela empreiteira foi em 2006. À época, o diretor Cláudio Melo Filho diz ter recebido um pedido do petista para marcar um almoço, que teria acontecido no restaurante Convento, em Brasília, com a presença de Marcelo Odebrecht. Na ocasião, o candidato pediu apoio financeiro ao então presidente da empreiteira. De acordo com o delator, Marcelo concordou, embora tenha demonstrado incômodo por não acreditar no sucesso de sua candidatura.
A primeira campanha ao governo do Estado de Jaques Wagner financiada pela empreiteira foi em 2006. À época, o diretor Cláudio Melo Filho diz ter recebido um pedido do petista para marcar um almoço, que teria acontecido no restaurante Convento, em Brasília, com a presença de Marcelo Odebrecht. Na ocasião, o candidato pediu apoio financeiro ao então presidente da empreiteira. De acordo com o delator, Marcelo concordou, embora tenha demonstrado incômodo por não acreditar no sucesso de sua candidatura.
“Esta ajuda
financeira foi direcionada por Marcelo Odebrecht para o Diretor
Superintendente da Bahia à época, Alexandre Barradas. Acredito que
tenham ocorrido pagamentos de até R$ 3 milhões de forma oficial e via
Caixa 2. O meu apoio interno foi essencial para que esse pagamento
ocorresse”, afirmou Cláudio Melo Filho.
Durante o
mandato entre 2006 e 2010 à frente do governo da Bahia, delatores da
Odebrecht apontaram trocas de favores entre o governador e a
empreiteira.
Uma das
tratativas foi sobre créditos pendentes do ICMS do governo do Estado da
Bahia com a Braskem, pertencente ao grupo Odebrecht. De acordo com
delatores, o acúmulo do valor a ser ressarcido chegou aos R$ 620 milhões
em 2008. Em delação premiada, Carlos José Fadigas relatou que o então
presidente da Braskem negociou sobre o tema diretamente com Jaques
Wagner.
Segundo o
executivo, o governador concordou em reduzir o ICMS sobre matérias
primas da Braskem, permitindo na prática, que a companhia pudesse reaver
o crédito de ICMS que ela tinha com o Estado. Um decreto sobre o
benefício fiscal à empresa foi assinado pelo próprio Jaques Wagner. A
Odebrecht ainda teria se comprometido, no primeiro mandato de Jaques
Wagner, a pagar um litígio trabalhista com o sindicato da indústria
química.
De acordo com
Carlos José Fadigas, em delação premiada, a Braskem teria financiado a
candidatura do governador do estado à reeleição, em 2010. Ele relatou
ter encontrado no sistema “Drousys”, por meio do qual se controlava os
repasses do “departamento de propinas” da empreiteira, um pagamento de
R$ 12 milhões em nome de um codinome “OPAIÓ”.
Ao fim do
primeiro mandato, segundo o executivo Cláudio Melo Filho, Jaques Wagner
foi qualificado como beneficiário de melhores recebimentos financeiros
da empreiteira pela atenção demonstrada a assuntos de interesse da
Odebrecht.
“O próprio
Jacques Wagner fez questão de encaminhar esse pedido de apoio financeiro
mais qualificado, apoiando-se na cuidadosa atenção que demonstrou aos
nossos pleitos ao longo do seu primeiro mandato como governador da
Bahia”, relata o delator. Somente entre 2010 e 2011, Jaques Wagner teria
recebido, por meio do codinome Polo, R$ 12 milhões do departamento de
propinas da Odebrecht.
As vantagens
indevidas pagas pela Odebrecht a políticos eram operacionalizadas pelo
Setor de Operações Estruturadas. O diretor do “departamento de
propinas”, Hilberto Mascarenhas, confirmou ao Ministério Público Federal
pagamentos de R$ 1 milhão dinheiro vivo ao ex-governador da Bahia, em
2010. A primeira parcela, de R$ 500 mil, teria sido enviada à casa da
mãe de Jaques Wagner. “Por algum problema dele com a mãe, ele não queria
mais que fosse usada a casa da mãe dele. Fizemos um esforço grande e
conseguimos pagar por meio de um preposto dele, Carlos Dalto. Ele me
ligou, marcamos a data, o local e eu mandei o preposto pagar”, afirmou o
executivo.
Tamanha era a
amizade entre o governador e a empreiteira, que, no segundo mandato,
quando fazia aniversário, Jaques Wagner recebia presentes de luxo. Em
delação premiada, o diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou que
executivos da empreiteira deram um relógio de US$ 20 mil e outro de US$ 4
mil.
“Quando do
aniversário de Jacques Wagner em março de 2012, foi dado um relógio
Hublot, modelo Oscar Niemeyer. Em outro aniversário, que não me recordo o
ano, também foi enviado relógio da marca Corum, modelo Admirals Cup.
Esses presentes foram entregues junto com um cartão assinado por Marcelo
Odebrecht, eu e André Vital”.
Reeleito em
2010, Jaques Wagner teria continuado a rotina de tratativas com a
Odebrecht. Durante este mandato, foi construída na Bahia a Arena Fonte
Nova, para receber Copa do Mundo. O estádio sofreu com atrasos e foi
inaugurado somente no dia 7 de abril, quando o prazo inicial para a
entrega era 28 de fevereiro de 2013. Diante das cobranças da Fifa a
respeito da Arena, o consórcio, formado por OAS e Odebrecht, teve de
acelerar as obras, o que gerou gastos extras.
Delatores
apontaram que Jaques Wagner teve receio de fazer um aditivo de contrato
para cobrir os gastos, para evitar atrair atenções ao preço da obra, mas
teria sugerido uma solução heterodoxa. Após tratativas, a Odebrecht
teria acertado, em reuniões com Wagner, que o governo estadual poderia
compensar a empreiteira por meio do pagamento de uma dívida judicial do
Estado com a empreiteira.
O valor
pendente, de mais de R$ 1 bilhão, em valores atualizados, segundo os
delatores, envolvia uma ação contra a Companhia de Engenharia Ambiental e
Recursos Hídricos da Bahia.
Sem solução até
as vésperas das eleições de 2014, o ex-presidente da Odebrecht,
Marcelo, afirmou ao Ministério Público Federal que já havia concordado
em não financiar o então candidato apadrinhado por Jaques Wagner, Rui
Costa, do PT. No entanto, o assunto acabou sendo resolvido pouco antes
das eleições. A empreiteira teria aceitado receber R$ 290 milhões,
dentre os quais R$ 30 milhões seriam posteriormente destinados ao PT nas
três eleições seguintes, segundo os delatores da Odebrecht.
“Como
decorrência da solução deste problema, foi feita contribuição à campanha
do Governo da Bahia em 2014, acertada por Claudio Melo Filho, em
alinhamento com André Vital”, relatou Marcelo Odebrecht.
O Diretor
Superintendente da Odebrecht na Bahia, André Vital, confirmou ao
Ministério Público Federal que a empreiteira teria se utilizado da
Cervejaria Itaipava para fazer uma doação de R$ 5 milhões à campanha de
Rui Costa, do PT, ao governo da Bahia, após o acerto de contas.
O ex-ministro do governo Dilma e ex-governador da Bahia tem reiteradamente negado envolvimento em qualquer ato ilícitos.
(Fonte: Diário do Poder).
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