O presidente Michel Temer pretende
oferecer o aval da União para que Estados consigam crédito externo em
troca do engajamento de governadores na aprovação da reforma da
Previdência.
A ordem do presidente, segundo a
reportagem apurou, é "fazer tudo o que for possível" para atender, caso a
caso, aos pleitos dos governadores.
A estratégia ocorre um dia após o PSB ter
anunciado posição contrária às mudanças na aposentadoria, o que levou
Temer a iniciar ofensiva para evitar um "efeito cascata" na base aliada,
incluindo defecções no PTB e no PPS.
O peemedebista quer que, por meio da
oferta de fontes de financiamento para aliviar as dívidas estaduais, os
governadores atuem junto a parlamentares para evitar traições na votação
da reforma no plenário da Câmara, já que a expectativa mais otimista do
Planalto é de um placar bastante apertado -são necessários 308 votos
para aprovar o texto.
A avaliação no governo é que a situação
da reforma ficou "muito difícil" após a decisão do PSB e que a
impopularidade do presidente e das mudanças na aposentadoria está
afastando parlamentares, especialmente do Nordeste.
Deputados aliados a Temer receiam
enfrentar protestos em suas bases eleitorais caso apoiem a proposta.
Para blindá-los e reduzir a resistência social, o governo iniciará nesta
semana uma campanha em rádios nordestinas em defesa da reforma.
A ofensiva do presidente sobre os Estados
teve início nesta terça-feira (25), em reunião com treze governadores
em Brasília, entre eles de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e
Alagoas.
Em discurso, Temer reconheceu as
dificuldades dos governos estaduais, mas lembrou que outros países
realizaram mudanças nas aposentadorias e seus governantes foram
reeleitos.
"Nós precisamos muito desse apoio. Eu sei
que os senhores têm as mesmas dificuldades do governo federal e
enfrentamos dificuldades diárias. Mas podemos, juntos, fazer a
reconstrução do país, independentemente de posições político
partidárias", disse.
O presidente lembrou ainda que, na
Espanha, o premiê Mariano Rajoy chegou a congelar os salários de
servidores e aposentados por cinco anos e, mesmo assim, foi reconduzido
ao posto.
"Se eu fizer isso aqui, invadem o Palácio do Planalto", afirmou.
Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), o governador de Recife, Paulo Câmara (PSB), que esteve na
reunião, posicionou-se a favor da reforma previdenciária.
"Eu não tenho nenhuma dúvida que os
deputados federais do PSB e a própria direção poderão avaliar com
cuidado a questão. Nós respeitamos a posição do PSB, mas vamos aguardar
como votarão", disse Maia.
Na noite de segunda-feira (24), logo após
a decisão do PSB, o presidente se reuniu com a líder do partido na
Câmara, Tereza Cristina (MS), no Palácio do Planalto.
A estratégia do presidente tem sido a de
estimular rachas no partido, já que a expectativa do governo é de
conseguir o apoio de pelo menos 20 dos 35 parlamentares.
Temer também pretende fazer discursos
públicos para minimizar a posição do PSB. O objetivo é evitar que a
decisão da sigla passe mensagem ao mercado e à sociedade de que a
fidelidade da base no Congresso está ameaçada.
Fonte: Bocão news
Nenhum comentário:
Postar um comentário